Fina flor não pede uma jarra de vinho branco para empurrar da
goelinha civilizada uma empada de lombo de porco. Pede um cházinho frio, de
bule sem gola, ao empregado – “sempre
tão prestável, um amor de pessoa” – que às cinco horas a barriguita já pede um
peso que as bolachinhas recheadas não dão. Ficam para a Bianquinha degustar
enquanto observa os catraios na praça, para não estragar o apetite para a ceia.
O estabelecimento que, em Viseu e somente para senhoras, era
conhecido por encher os serviços de porcelana de pomada do Dão, era o Horta
que, ao fim de 140 anos a dar “quebras de tensão” às madames da Beira Interior,
fechou. Como os outros. Mesmo os menos finos. Os que não usavam eufemismos. Uma
raridade numa altura em que figuras de estilo para suavizar a realidade são uma
constante.
Ao fim de meses a repetir o mesmo – a solução para a crise do
Euro está em medidas graves de austeridade, que o novo tratado veio devolver a
confiança aos mercados e que a culpa da crise é dos países periféricos, uns
lambões – aconteceu o que não era suposto. A quarta economia europeia precisa
de cem mil milhões de euros para recapitalizar a banca. A fornecer, claro está,
que mais vale uma criança com fome que um banco falido. Mas com várias
condições! A primeira é que não se pode chamar resgate! Era uma humilhação para
um país de bem.
Claramente esta gente das europas e dos bancos nunca foi ao
Horta lanchar. Agora também vão tarde para aprender que, quer seja da bebedeira
ou do sol forte do Verão, da pipa ou da flute de cristal, no dia seguinte, a
ressaca é a mesma. Para todos.
Imagem recolhida de http://guedelhudos.blogspot.pt/2010/01/pastelaria-horta-viseu.html. Acedido em 11/06/2012.
lindooooooo...
ResponderEliminarsó passei para dizer alô, actualizar-me quanto aos novos "golpes" e dar-te beijos.
não tenho mais nada a acrescentar ao já dito por vossa excelência.
ah... tenho sim. Gosto deste novo look.
'veijos e avraços',
Suzana