Foi um deslumbre do que seria. Foi por aquele misto inconsequente de
aborrecimento e sadismo. Fez de propósito. Por aquele sorriso que o sangrou,
incauto, bem fundo na carne. Foi num instante. Tão rápido que lhe definhou toda
certeza de si e deixou-lhe a vontade dela. Agora, nem o ar se deixa respirar, nem
o Sol aquece. Nem ele encontra a Diana.
Vai tropeçando, aparvalhado, atrás de nada. Ela não lhe disse que estaria
lá. Nem que iria ser dele. Mas vai escrevendo, enquanto grita, porque ele já lhe
pertence. Enquanto se humilha nas redes sociais. Enquanto vai estampando páginas de jornal. Enquanto eleva o nome dela o mais alto que pode. Enquanto
ela não vem. Nunca virá. Como uma sombra. Por mais que corra, estará sempre a um
passo mais de distância. Ali ao pé, desesperadamente longe.
Ele corre, como eu corro. Como nós saímos de casa. Como muitos outros
berram com fachas e punhos na rua. Por esperança. Nele cabe um país inteiro
que, por comparação, não sabia que estava mal até ela – a Europa, não a Diana –
lhe cuspir que estava. Agora sacrifica-se por ela. Sacrifica-se tudo. Para ele
valerá a pena, mesmo dilacerado, mesmo sem a Diana, haverá sempre raparigas que
entre as últimas noites de Verão fogem na multidão do Bairro Alto. E para nós, valerá a pena?
Imagem retirada da Comunidade À Procura de Diana. Localizada em https://www.facebook.com/photo.php?fbid=420691831327246&set=a.417228515006911.101089.417224098340686&type=3&theater. Acedido a 26/09/2012.
Imagem retirada da Comunidade À Procura de Diana. Localizada em https://www.facebook.com/photo.php?fbid=420691831327246&set=a.417228515006911.101089.417224098340686&type=3&theater. Acedido a 26/09/2012.