quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Voltámos aos Mercados


É o dia do costume. À quarta-feira. Talvez não precisasse ser tão de madrugada. Tão cedo que fere os olhos melados de cama, que expõe sádico as carnes molengas, ainda mornas de alcofa, a um vento de nortada que queima de frio.

Tem de ser tão de manhã, quase ainda breu, que é quando chegam as carrinhas. É quando ainda há para escolha. Quando se pesa com justiça. É quando ainda há dia para fazer render.

Voltámos ao mercado. Não pelo saudosismo romântico. Tão pouco pelo patriotismo inflamado de apoio à produção dentro de fronteiras. Voltámos porque se pesa a granel, porque se junta a saco, que um euro por um quilo de feijão, agora, faz a diferença. Porque se pode comprar só meio-quilo, porque se pode pagar só amanhã, ou quando der jeito.

Voltámos aos Mercados. Os outros de sempre. Internacionais. Rejubilamos, sem perguntar se não foi a dívida assim contraída no passado que nos escarrou na cova funda onde estamos, sem interrogarmos a razão de ser desígnio nacional e não um meio para um fim. Macera-se o cadáver de gente que resta para se voltar aos Mercados e depois? Quem sobrará no mercado?

1 comentário:

  1. e se voltamos aos mercados, a pergunta que se impõe é: Pediram a factura?

    veijos e avraços,
    SM

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